QUEM MATOU MARIA HELENA?

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Release
Monólogo policial cômico, do renomado autor baiano Claudio Simões, formado em direção teatral pela UFBa. Produziu o texto do vídeo "Toneladas de Desejo" (projeto experimental do SATED), e também o texto da peça "Abismo de Rosas", dirigida por Fernando Guerreiro. Em Minas Gerais, a peça foi encenada por Clênio Magalhães, valadarense licenciado em dança pela Universidade Federal da Bahia que reúne em seu currículo uma vasta experiência cênica, tanto como intérprete quanto diretor em obras que circularam o Brasil e até exterior. O texto QUEM MATOU MARIA HELENA? já foi interpretado inicialmente pelo ator Frank Menezes em Salvador BA, Marcos Holanda no Rio de Janeiro RJ, dentre outros.
Sinopse
O espetáculo conta a estória de Mário Augusto, um homem solitário e atrapalhado que se mete numa fria ao descobrir em seu quarto o corpo de Maria Helena, a mulher de sua vida, assassinada no armário. Toda trama acontece em seu apartamento, enquanto Mário Augusto tenta desvendar o mistério e provar a sua inocência sob pistas e telefonemas secretos. O enredo da peça, expressado através de dança, teatro, música, atmosfera novelística e cartoon, embute as reflexões do autor acerca da bitola televisiva da sociedade contemporânea.






QUEM MATOU MARIA HELENA?
texto: claudio simões
com clênio magalhães e juninho ibituruna
dias 26 e 27 de fevereiro
às 21h

CASINHA
Rua Juiz de Fora 114 - Barro Preto
Belo Horizonte - MG

Ingressos limitados
Informações e vendas antecipadas:
31 - 3227 1187 e 31 - 9306 6064

no interior do carnaval



o estrangeiro chegou no interior
seu interior foi tocado ao primeiro sentido
o interior do estrangeiro fervia
no desejo de se transformar em festa

o calor do interior do sol
junto ao calor do interior
obrigava o estrangeiro a buscar
em mesas diversas
porções de gelo
para não explodir seu interior como um vulcão

o interior do estrangeiro abria-se
para o exterior daquele interior
para o povo daquele interior

povo
hospitaleiro
alegre
bonito
vigoroso
bronzeado
divertido
agradável

o estrangeiro cada vez mais emocionado
abstraía cada vez mais os detalhes daquele interior

ampliava
transformava
imaginava
recriava

cada gesto
cada olhar
cada som
cada palavra
cada sotaque
cada bobagem

calor furor amor suor saliva sangue sémen urina água suco cevada e álcool

o estrangeiro experimentou
o rapaz beber além
o homem se apaixonar
a bicha se acabar
a puta faturar
a senhora horrorizar
o anfitrião cozinhar
o dançarino se machucar
a cantora arrazar
a menstruação chegar
o ladrão se ferrar
o bofe decepcionar
a mãe ligar
o prefeito refletir
o garçon se demitir
todo mundo se alegrar

a música violenta brigava com a bandeira branca da paz
as montanhas escuras rebatiam os graves
os ventos sopravam os agudos
o rio solava seu mantra traiçoeiro
o povo se agitava para relaxar

o pau comia
o pau torava
o pau quebrava
o pau trincava
o pau descia
o rio corria

o estrangeiro estava atônito
medo e vontade lutavam por espaço
no segundo dia um anjo foi solicitado
pois o medo perdia para o desejo

o estômago rejeitava álcool
a pele rejeitava sol
os pés rejeitavam impacto
os ouvidos rejeitavam acordes
os interiores pediam prazer

e num cuidado mútuo
os corpos foram até o fim
até o fim do carnaval

o estrangeiro fez as malas
úmidas
suor saliva sangue sémen urina água suco cevada álcool
lágrimas

o anjo também chorou naquela manhã
devolveu o medo para o interior
que voltava para o exterior
o estrangeiro transformou o medo em saudades
e se despediu do companheiro

uma despedida
mórbida
cinza
limpa
calma
fria
vazia
mas ainda
úmida.

sua sombra


Aconteceu.
Inevitavelmente o que era impossível aconteceu.
Tranquilamente eu senti sua sombra tocar em mim numa mesa de bar.
Olhei para ele assustado e ele me fitou curioso.
A seriedade do meu olhar atravessou as lentes dos seus óculos simpáticos.
Ele sorriu educadamente, mas desconfiei de sua calma.
Ele me olhava com o prazer de quem morde uma fruta suculenta e não se importa com o caldo que lhe escorre pelo peito.
Olhei para sua sombra novamente em meu colo, mas ele nada percebeu.
O que ocorria é que sua presença aguçara meu tato ao ponto da sua sombra pesar sobre minha pele.
Ele vinha de longe.
Não sabia ao certo onde estava.
Nem o que eu queria com ele com aquele olhar estranho.
Levantou-se veio até perto e me pediu uma informação.
Eu disse: é por aqui, ali e acolá. Vá pela sombra!
Ele tocou meu ombro e se foi.
De lá pra cá fiquei sombrio.
Mais só do que nunca.
Mais sensível do que nunca.
Uma folha que caia, um vento que soprava pareciam ser presságios da sua chegada.
Sem sombra de dúvidas o que tem que ocorrer ocorre.
Sua sombra novamente passou por mim rasteira, cortante, fina como uma carta por baixo da porta.
Pedi licença a todos e saí.
Dei de cara com ele.
De novo me viu com aquela cara assustada.
De novo eu desconfiei do seu sorriso calmo.
A luz vinha da janela atrás de mim fazendo brilhar as lentes dos seus óculos simpáticos.
A medida em que eu me aproximava minha sombra preenchia seu corpo antecipando meu desejo.
Sorrindo sem graça eu disse:
Você ainda  por aqui?
Ele lambusado respondeu:
Aqui, ali e acolá.
Rimos juntos.
Cheguei mais perto.
Nossas sombras se tocaram.
Nossas peles se tocaram.
Ele me propôs um passeio.
Eu disse que o sol estava muito quente.
E ele com aquele sorriso duvidoso me disse.
Não faz mal eu compartilho com você minha sombrinha.

Clênio Magalhães
2010

Labirinto Cultural

Esta casa de arte, localizada na cidade de Araçuaí MG no Vale do Jequitinhonha, que inclui, entre outras coisas, espaço para shows, oficinas, encontros, deliciosas comidas, drinks, etc., foi um dos lugares mais preciosos nos quais eu me apresentei. O lugar foi recentemente restaurado pela Cia. de Teatro Ícaros do Vale e pelo Coral Araras Grandes sob direção de Luciano Silveira, de acordo com a arquitetura original.

 A delicadeza das cores, a simplicidade da ornamentação e até a manutenção de uma parede que guarda as marcas da enchente, nos transportam para um momento entre o passado e o presente, como se pudéssemos voltar no tempo e ver nascer as cantigas de roda em improvisações infantis.



O espaço abriga diversas atividades como exposições de artes plásticas, fotografia, apresentações de teatro, dança, música e oficinas e está sempre aberto para novas intervenções.


Apresentação da cantora TITANE


Eu tive o prazer de me apresentar duas vezes no Labirinto com o espetáculo Banquete e com a peça Soroco, resultado da oficina ministrada por Luciano em Pedra Azul no Festeje 2009.
 
Se alguém estiver passando pelo Vale do Jequitinhonha, não perca a oportunidade de parar em Araçuaí MG e perguntar pelo Labirinto Cultural que fica na Praça do Coreto que todos saberão informar. Uma vez de passagem, eu resolvi parar para dar um abraço no povo e não sabia o endereço. À medida que fui descrevendo o lugar o mototaxista já sabia onde era e ainda fez altos elogios à casa. Coisas deliciosas do interior mineiro.
 
 
Obrigado Luciano pela hospitalidade com a qual sempre sou recebido, obrigado a toda equipe Labirinto pelo carinho, atenção e profissionalismo. Parabéns Araçuaí MG!