Caminho sobre uma trama de fios frágeis. Os fios se entrecruzam em distâncias kilométricas que se perdem no horizonte por todos os lados. Quero correr e ver de perto a agilidade de quem a tece, mas a pressa poderia romper o solo me levando para um infinito desconhecido. É difícil segurar em alguém, dobra-se o peso sobre o mesmo ponto aumentando o risco da queda. Quando se avista alguém, acena-se de longe, contempla-se seu sorriso por longo tempo. Em silêncio. O grito poderia romper vários fios ao mesmo tempo. Então rolamos, movendo-nos lentamente, inspirando e expirando em sincronia como num adajo sonolento. Às vezes adormecemos e ao acordar já estamos sós novamente. E seguimos sobre a trama de fios frágeis. Acredita-se que quando se caminha por uma extensa, mas indefinida distância, chega-se ao vale alado. Lá estes seres habitantes nos levam a sobrevoar a teia até chegar aos grandes tecelões. Eles nos ensinam o segredo da trama e podemos assim tecer nosso próprio caminho, fortalecer vias, remendar buracos, fabricar e decorar paradas. Sinto que eles estão próximos. Já ouço o som de suas asas. Mas temo o eco. O eco ludibria, ilude e faz de tudo para desviarmo-nos, desorganizando direções. Deve-se seguir o som do coração. Este som o eco não pode reproduzir. É preciso estar bem perto de um ser alado, encostar o ouvido no seu peito e ouvir o som do seu coração ou tocar-lhe delicadamente o pulso para sentir a vibração da veia. O eco não tem peito. O eco não tem corpo. Ele seduz furtando os sons alheios. O som de cantos, o som de passos, o som de asas. Posso ouvir o som das asas trazido pela brisa, minha melhor companheira. Ela trará o cheiro ainda não sentido. Admiro a brisa. Forte e leve simultaneamente como devem ser meus passos.
2 comentários:
Oh!
Anjo de coração perdido!
Vamos viver de brisa!
Vamos confiar na Brisa, Sole hehe
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