EXPERIÊNCIA EM XINGUARA – PA NOV 2011


Ao relatar as atividades realizadas na cidade de Xinguara PA nos dias 03, 04 e 05 de novembro de 2011, pretendo gerar um material que sirva como norteador para outras atividades similares, bem como registrar os ganhos obtidos com esta parceria proporcionada pelo Programa Mais Educação coordenado pela professora Ana Maria Barros Medrado.
A oportunidade de estar em contato com profissionais de educação desta cidade surgiu quando a professora Cristiane Pereira Coelho profissional atenta, sensível, comprometida com as causas educacionais buscou através de mecanismos de pesquisa virtual, conteúdos que pudessem contribuir com suas ações. Nestas buscas, Cristiane encontrou este blog e se interessou pelos conteúdos, julgando-os importantes para os profissionais das escolas atendidas. Entrou em contato comigo solicitando uma assessoria, uma visão particular sobre as minhas experiências com a dança, sobretudo na escola. Os e-mails e informações compartilhadas levaram-nos a estar juntos durante três dias, trocando experiências práticas de dança, corpo, pintura, teatro, política, economia e acima de tudo educação.
Para contribuir com as ações do Programa, escolhi o curso Dramaturgia Corporal, onde crio uma oportunidade para que os participantes possam descobrir diferentes formas de investigar seus potenciais corporais, ampliando o leque de experiências para o bom desempenho de suas performances. Além da função didática o curso possibilita a troca de idéias acerca do futuro do corpo, das oportunidades de trabalho, da reciclagem de conhecimento, dos projetos engavetados, da transdisciplinaridade, do poder expressivo e da atualização dos seus conhecimentos específicos da área, contribuindo com o trabalho docente já desenvolvido. Os conteúdos foram programados, porém, como na arte, o imprevisível dos encontros e desencontros desta vivência, nos apresentou outras formas do fazer dança na escola. A diversidade de corpos, de idéias, de áreas, de idades e realidades trouxe-nos a necessidade de buscar uma demanda que nos unisse e elegemos então a diferença como eixo do encontro, um assunto importante que merecia aprofundamento.



No primeiro dia, encontrei uma sala de aula rodeada de cadeiras vermelhas onde os participantes encontravam-se sentados num clima animado, trocando idéias com olhares curiosos. Já percebi que seria uma experiência muito interessante, pois aquela euforia em breve transformar-se-ia poesia através das propostas de movimentos. Homens e mulheres, professores de português, educação física, dança, teatro, capoeira dentre outras áreas, um grupo perfeito para se trabalhar as dinâmicas artísticas propostas pela oficina. No primeiro momento, pela manhã alguns ainda não estavam vestidos para uma aula de dança, mas pela minha experiência, sei que este ato serve como desculpa para muitos tímidos primeiro assistirem ao trabalho e depois em outro momento decidirem se permanecem ou não na oficina, ou pedirem somente para assistir às aulas, dentre outras alternativas eleitas para não expor seus anseios dançantes. Mesmo com as roupas inadequadas, muitos tentaram ainda fazer as aulas práticas, percebendo a dificuldade de realizar os movimentos. No período da tarde as roupas eram mais leves e flexíveis, os corpos mais livres, colunas eretas, olhares ainda mais curiosos à espera de novos conteúdos e estímulos para criar, mover, expressar, relaxar, extravasar, aprender, trabalhar.
Durante todo o dia e em todas as atividades nos mantemos em conjunto. Um dos conteúdos abordados foi a necessidade de um bom condicionamento físico antes de qualquer atividade de dança, alguns participantes ainda tímidos não queriam participar, propomos exercícios condicionantes, relaxantes, de alongamento e fortalecimento no lugar onde estavam, ou seja, sentados nas cadeiras. O condicionamento focava nas articulações, na necessidade de criarmos mais espaço entre um osso e outro, entre o osso e a carne, entre uma fáscia e outra, entre a carne e a pele, entre a pele e o outro. Primeiro trabalhou-se partes isoladas, que mais facilmente podiam ser movidas na posição sentada, tencionando e relaxando, contraindo e chicoteando, rápida e lentamente. Aos poucos estes movimentos foram se acumulando e em pouco de trinta minutos já tínhamos toda sala em movimentos subjetivos, interagindo com as cadeiras, contagiados pelos movimentos dos outros apreciados na roda. A estética criada contribuiu muito para que a aula tornasse atrativa para todos. Numa boa aula os participantes se percebem e não somente se assistem como platéia ou pelo espelho, mas é fundamental que a turma sinta-se um só corpo.
Logo após este aquecimento, podemos observar a necessidade de acionar a musculatura abdominal em todos os movimentos, que para se ter mais fluidez e precisão na dança é preciso que todos os movimentos partam do tronco, seja das costas, abdômen, umbigo, músculos oblíquos.
 Até então eu não sabia o nome de ninguém, pois gosto de deixar claro que meu trabalho é prático e me incomodam algumas oficinas em que nós passamos uma hora falando nomes, o que fazemos, o que esperamos, etc. Para não perder tempo, parado numa aula de dança, gosto de aplicar exercícios simples onde usamos nosso próprio nome como estímulo, pois desta maneira podemos criar a partir de um estímulo pessoal, de auto descoberta e de expressão do que somos e do que pensamos de nós mesmos, além de aprendermos logo o nome de toda a turma de maneira lúdica e dinâmica.
Arte do latim ars, significa técnica, e a técnica aperfeiçoa nossas relações com o meio. Quanto mais praticamos uma determinada ação do dia a dia ou profissional como estudar, cozinhar, plantar, montar e desmontar aparelhos, salvar vidas, cuidar, etc. mais experientes ficamos e mais técnica obtemos. Em se tratando da arte uma forma de comunicação, quanto mais praticarmos as artes mais experientes em nos comunicar nos tornamos. Em todo ambiente que vivemos, utilizamos termos técnicos a serem memorizados para tornar a comunicação mais eficiente. Pensemos também em como surgem as gírias, a poesia, o sotaque, etc. Se na dança nos comunicamos com o corpo, também temos que alfabetizá-lo, de uma maneira técnica, por isso como qualquer outro processo de aprendizagem a comunicação corporal precisa ser praticada. Em muitos casos, os termos técnicos da dança se assemelham aos da empresa, do artesanato, da vida emotiva e espiritual como equilibrar, cair, levantar, rodar, pesquisar, articular, transcender, etc.
Refletindo sobre as terminologias, sobre o sistema nervoso somático, sobre a alfabetização, sobre metáfora dentre outras áreas relacionadas à comunicação, chegamos à conclusão que quando uma criança, por exemplo, aprende na aula de dança o sentido de equilíbrio e depois ouve esta mesma palavra nas aulas de química, ela já passa a perceber o conteúdo da química em todo o corpo e o conteúdo da dança na ciência, mesmo que não pontuemos essa relação. Mas, o mais interessante de pontuar estas analogias é que o aluno de dança passa a dar mais valor ao seu próprio corpo e a compreender e a aceitar esta disciplina artística como fundamental para um pleno desenvolvimento da comunicação não verbal. Na dança mais do que passos, realizamos ações. Vejamos algumas ações básicas de movimento utilizadas por um dos mais importantes nomes da dança do século XX, o coreógrafo dançarino austro-húngaro Rudolf Von Laban: socar, talhar, pontuar, sacudir, pressionar, torcer, deslizar, flutuar, bater, chicotear, etc. são movimentos do dia a dia e também são movimentos de dança.
Como muitos trabalham, trabalharam ou trabalharão com alfabetização, apresentei a Técnica Letra da Dança que também é um jogo instigante que suscitaram em muitos as sensações de reaprendizagem. Revivemos o nosso letramento com o corpo, porém com outro corpo, com outros desafios, outras idéias.
Após trabalharmos com nosso próprio, partimos então para o outro. Observar o outro, imitá-lo, traduzi-lo, pesquisá-lo, discuti-lo, compará-lo, acompanhá-lo, caricaturá-lo, homenageá-lo. Percebam que estas repetições de palavras que venho utilizando em vários momentos do texto, são cada uma, propostas que dariam estímulos para uma aula inteira. Para descontrair os mais tímidos, escolhi as caricaturas que são uma deliciosa maneira de movimentarmo-nos, de interpretarmos, de divertimo-nos. Corpos animados em cena, corpos surpreendentemente sorridentes observando, foi sem dúvida uma escolha muito feliz, a turma se identificou muito com a pesquisa e a partir de então a dança começou a fluir. Cardumes, revoadas de dançarinos espalharam-se pela sala, olhando nos olhos, tocando o outro, guiando, puxando, estimulando, encorajando, interagindo e acima de tudo trocando. A dança foi apresentada com alternativas que encontramos facilmente na escola como recorte de papel, tinta, música, percussão em objetos, diálogos, situações do cotidiano, massagem todas as atividades em diferentes ritmos e espaços dentro de uma sala de aula.
A mostra estava marcada para ser apresentada ao fim do terceiro dia de encontro, em praça pública num evento chamado FECOM'ARTE destinado a centenas de pessoas vinda de toda cidade e arredores. Obviamente que a mostra não foi obrigatória, pois entendo que o trabalho artístico deve ser voluntário, mesmo na escola. Certamente há pessoas que não se identificam com a exibição cênica dos seus movimentos e nós professores temos que ter a sensibilidade para entender essa opção, incluindo este aluno em outras atividades tão importantes quanto a apresentação como a criação e produção do figurino, maquiagem, cenário, trilha sonora, a crítica através da produção de resenhas para jornais, sites e revistas, a produção geral, a contra-regragem, os ensaios, etc. Até uma obra coreográfica ir para o espaço cênico e ser mostrada ao público, é importante que seja refletido sobre a escolha de cada item acima listado e que hajam pessoas diferentes a cuidar de cada demanda. Com uma equipe maior, com tarefas divididas para os voluntários de acordo com suas habilidades, o professor garante o sucesso da intervenção, pois serão muitas cabeças pensando em que se aproximar ou distanciar durante a criação, gerando um trabalho com informações complexas e ao mesmo tempo comuns a todos da turma, escola, bairro, associação, cidade, etc.
Como o tempo na escola é muito curto, os eventos geralmente grandes e os conteúdos programados precisam ser passados e aprofundados, precisamos saber tirar o máximo daquilo que já possuímos no momento de criar as coreografias. Tirar o máximo aqui cabe tanto para os recursos materiais quanto imateriais, ou seja, ficar atentos aos recursos disponíveis para a confecção dos figurinos, trilha sonora e cenário (algumas vezes nem temos tais recursos disponíveis) para que possamos criar algo que esteja dentro da realidade e também aproveitar os temas abordados na escola, nas aulas anteriores para que estes estímulos já trabalhados possam colaborar com a construção da dramaturgia da coreografia com consciência dos participantes quanto aos subtextos e metáforas empregadas.
 No nosso caso não foi diferente, pois usamos todos os conteúdos abordados desde as atividades do aquecimento à criação, utilizamos nossas roupas comuns do dia a dia elegendo a cor vermelha como unidade, deixando aberto que cada participante pudesse soltar a sua imaginação e também tirasse o máximo do que já possuía dentro do contexto. Como objeto cênico optamos pelas cadeiras de plástico que pareciam ter ímans a atraí-los entre uma atividade e outra e é normal que outros objetos e espaços atraiam nossos alunos. Estes meios escolhidos como refúgio para a timidez é um verdadeiro poço de material sensível reciclável, pois é naquele cantinho, ou naquele objeto que o aluno se sente seguro, confortável e a partir dele pode disponibilizar mais de si para as atividades propostas. Por isso dizemos que aquele formato de dança onde os maiores ficam atrás, os menores na frente, em fileiras e jogos espaciais bem definidos pode não funcionar de acordo com suas intenções, pois é preciso que o dançarino sinta-se a vontade dentro do seu personagem, dentro das propostas executadas para que ele possa ter também espaço para pensar além da proposta e oferecer mais de si.
As cadeiras vermelhas escolhidas formaram uma extensa matéria sintética a interagir com os corpos, onde braços, pernas, mãos, troncos e cabeças disputavam os espaços entre uma e outra. A movimentação tornou-se livre e a cada momento um participante propunha coisas interessantes que era quebrado por outra proposta e a dinâmica brincante tomou conta da sala. As cadeiras vermelhas na praça, mais pareciam um grande dragão com tentáculos e fogo a abordar os espectadores. Primeiro nos maquiamos na praça, abertos ao público em um ambiente mais distante para não concorrer com as atrações que ocorriam no palco. Quando fomos anunciados nos colocamos entre o público na frente do palco onde os espectadores também estavam dispostos a espera da cena. Surpreendidos com a dança em meio à praça, o público sorria desconcertado sem saber ao certo o que ocorria e o que deveria fazer naquela situação. Contaminados com o sorriso do público os participantes também criaram entre si um clima descontraído e de apoio um ao outro, olhando nos olhos, ocupando os espaços vazios, interagindo, dialogando um com o outro executando todas as propostas que foram trabalhadas em sala de aula. Três aplausos em cena aberta, o que não é comum nos eventos da praça, segundo informações de vários espectadores logo após a apresentação. O público atraído foi o mais variado possível como um reflexo da diversidade que viam. Aqueles que optaram por não dançar ficaram com água na boca.
As idéias de dança geradas, num caráter de missão não foram herméticas, não passaram por caminhos óbvios. Estas idéias foram impressas a partir da construção de imagens com as cadeiras como um brinquedo de montar peças que sugeriram movimentações sinuosas, em grupo e assimétricas. Enquanto o público circulava pela feira, o grande brinquedo vermelho desenvolvido propunha ações rítmicas, melódicas, de estilos diversos, de maneira lúdica adequadas às necessidades daquele ambiente familiar. Os pais, vizinhos e irmãos mais velhos, também foram inseridos e perceberam a necessidade de manutenção deste tipo de atividade, “... cada vez mais substituído por situações que antes favorecem a reprodução mecânica de valores impostos pela cultura de massas em detrimento da experiência imaginativa.” (PCNArtes)
Muito obrigado a todos que participaram da oficina, aos responsáveis direta ou indiretamente para que este encontro pudesse acontecer, aos parentes e amigos que foram para a praça prestigiar o trabalho e principalmente aqueles empenhados em dar continuidade às nossas atividades de dança que trouxeram idéias interessantes de transformação, superação e imaginação para o povo de Xinguara.
Toda viagem e ou experiência é transformadora e comigo não podia ser diferente, voltei outro de Xinguara, digamos que a maior mudança em mim ocorrida se deu no sentido da minha profissão: as pessoas que conheci, o meu contato com as atividades que exercem, me fizeram voltar mais militante do que professor.
Fica aqui uma dica interessante de leitura para dar continuidade!

Até a próxima!

DANCON Liga cultural de dança 2011


O projeto DANCON Liga Cultural de Dança,  em sua primeira edição, a ser realizado nas cidades de Belo Horizonte (MG) e Governador Valadares (MG) é uma atividade coletiva, composta por renomados artistas nacionais e internacionais interessados em trocar experiências e contribuir com o desenvolvimento da Dança Contemporânea realizada nos interiores com o patrocínio dos Correios e contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2010. O projeto tem como meta levar  às comunidades interioranas, informações  sobre a carreira profissional em Dança Contemporânea por meio de atividades de formação, intercâmbio e reflexão. Através de workshops, apresentações e conversas públicas, a DANCON Liga Cultural de Dança pretende gerar conhecimentos específicos em Dança Contemporânea nos âmbitos conceitual, estético, político e mercadológico, para Dançarinos, coreógrafos, professores e toda comunidade  envolvida.

Liga = Associação de indivíduos ou de grupos ou partidos para defesa de interesses comuns, ou para alcançar determinados fins, de ordem social, política, filantrópica, Cultural, etc. (Aurélio)

Esta Liga pode alavancar uma série de outros segmentos artísticos contemporâneos que podem contribuir com a inserção da Dança Contemporânea dos interiores no circuito cultural mundial. Esta Liga é um investimento no aprimoramento artístico da dança produzida no interior. Os artistas convidados, mais que agentes são semeadores de sonhos, de encorajamento e sensibilidade.


Coordenação/Curadoria: Clênio Magalhães
Direção de Produção: Elias Gibran e Tamaki Yonekura
Produção Executiva: Aki Katai, Maurício Mendes e Pedro Paulo.

Clique AQUI para ver a programação completa, obter e compartilhar mais informações.
Até a próxima!

IV Milonga - Café com Dança 2011

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Você sabe o que é uma MILONGA?
Milonga é um estilo de música tradicional em várias partes da América Latina e Espanha.  É o ritmo nacional da Argentina, do Uruguai e do Rio Grande do Sul. É também conhecido por Molonga.
A milonga originou-se de uma forma de canto e dança da Andaluzia, Espanha, que, nos fins do século XIX, popularizou-se nos subúrbios de Montevidéu e Buenos Aires, nascendo assim o conhecido tango.  
Também são chamados milongas os bailes onde se dança o Tango e, por extensão, aos locais onde esses bailes se realizam. Tradicionalmente, numa milonga baila-se o Tango, a milonga e o vals cruzado, ou vals argentino, uma variante da Valsa Vienense. (Fonte: Wikipedia) 
Mas agora você não precisa ir para a Argentina ou Espanha para ter acesso a uma Milonga de qualidade. O Espaço Cultural Café com Dança oferece já a sua quarta milonga e ainda com workshop ao seu alcance para que você possa arriscar uns passos no salão e fazer parte da festa. 
Venha fazer um programa diferente num lugar aconchegante, com gente bonita, bebida e comida e acima de tudo com dança de qualidade.
O Café com Dança fica na Rua Japão, 180 - Barroca - Belo Horizonte MG.
Para compras antecipadas e informações ligue 31 3332 8309 ou clique no banner acima para detalhes.
Vem!



Espetáculo BERIT - 03 de agosto de 2011


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O vocábulo que dá nome ao espetáculo, BERIT, é uma tradução livre da palavra originalmente hebraica e significa aliança. Em cena, o resultado da interface da dança de salão, do teatro e da música aborda o relacionamento conjugal, a convivência a dois, a edificação das relações afetivas e as atitudes recíprocas  necessárias para se conquistar o outro diariamente ao longo dos anos, a fim de se viver um Amor verdadeiro e real.


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MAIS INFORMAÇÕES


ATÉ A PRÓXIMA!

OS GRAMOFONES


FRED FIGNER

OS GRAMOFONES
Frederico Figner nasceu em dezembro de 1866 em Milewko, na então Tcheco-Eslováquia.
Ainda muito jovem e buscando ampliar seus horizontes migrou para os Estados Unidos, chegando ao país no momento em que Thomas Edison estava lançando um aparelho que registrava e reproduzia sons por intermédio de cilindros giratórios.
Fascinado pela novidade, adquiriu um desses equipamentos e vários rolos de gravação, embarcando com sua preciosa carga em um navio rumo a Belém do Pará, onde chegou em 1891 sem conhecer uma única palavra do Português.
Naquela cidade começou a exibir a novidade para o público, que pagava para registrar e escutar a própria voz.
O sucesso foi imediato e, de Belém, Fred se dirigiu para outras praças, sempre com o gravador a tiracolo.
Passou por Manaus, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife e Salvador antes de chegar ao Rio de Janeiro, no ano seguinte, já falando e entendendo um pouquinho do nosso idioma e com um razoável pé de meia.
Na Cidade Maravilhosa Figner abriu sua primeira loja, a Casa Edison, em um sobrado da Rua Uruguaiana, onde importava e comercializava esses primeiros fonógrafos.

 Comercial da Casa Edison da Rua Uruguaiana

CASA EDISON
Por essa mesma época o cientista judeu Emile Berliner tinha acabado de lançar nos Estados Unidos um equipamento de gravação que utilizava discos revestidos com cera, com qualidade sonora superior ao do aparelho de Thomas Edison.
Fred Figner percebeu de imediato o potencial da nova invenção e transferiu seu estabelecimento de um sobrado da Rua Uruguaiana para uma loja térrea na tradicional Rua do Ouvidor, onde abriu o primeiro estúdio de gravação e varejo de discos do Brasil, em 1900.
Casa Edison da Rua do Ouvidor

OS PRIMEIROS DISCOS
Os discos fabricados por Figner nessa fase inicial utilizavam cera de carnaúba, eram gravados em apenas uma das faces e tocados em vitrolas movidas a manivela.
Apesar das limitações técnicas, essa iniciativa representou uma verdadeira revolução para a música popular brasileira, que engatinhava, pois até então os artistas só podiam se apresentar ao vivo ou comercializar suas criações por intermédio de partituras impressas.
O primeiro disco brasileiro foi gravado na Casa Edison pelo cantor Manuel Pedro dos Santos, oBahiano, em 1902.
Era o lundu “Isto é Bom”, de autoria do seu conterrâneo Xisto da Bahia.
A partir daí mais e mais artistas começaram a gravar suas composições em discos que eram distribuídos pela Casa Edison do Rio e também pela filial que Figner havia aberto em São Paulo.
A procura pelos discos cresceu tanto que em 1913 Fred decidiu instalar uma indústria fonográfica de grande porte na Av. 28 de Setembro, Vila Isabel, dando origem ao consagrado selo Odeon.
 
Discos Odeon
A MANSÃO FIGNER
Fred Figner era um homem à frente do seu tempo e para coroar o sucesso nos negócios decidiu erguer uma residência que espelhasse seu perfil  empreendedor.  
A hoje conhecida Mansão Figner, na Rua Marquês de Abrantes 99, no Flamengo, abriga o Centro Cultural Arte-Sesc e o restaurante Bistrô do Senac.
 
É considerada um exemplo arquitetônico raro de “casa burguesa do início do século 20”.
 
Fred Figner utilizou-a como hospital, em 1918, durante a pandemia conhecida como Gripe Espanhola.
 
Apesar dele próprio estar acometido pela enfermidade, atuou como um prestativo auxiliar de enfermagem, transformando seu palacete em uma improvisada enfermaria de campanha que chegou a abrigar quatorze pacientes em seu interior.
 
Mansão Figner Hoje

                                       RETIRO DOS ARTISTAS
Fred era um homem generoso e solidário. 
Pela própria natureza do trabalho nas suas duas gravadoras havia se tornado amigo de muitos músicos e cantores de sucesso.
 
Em uma época que antecedeu à criação da Previdência, ficou consternado com a situação de penúria que alguns desses artistas tinham de enfrentar ao chegar à velhice.
 
Sensibilizado com esse verdadeiro drama social, não titubeou e decidiu doar o terreno, em Jacarepaguá, para a construção da modelar instituição Retiro dos Artistas, que funciona até os dias de hoje
.

Retiro dos Artistas em Jacarepaguá

Em 19 de janeiro de 1947, quando faleceu, aos 81 anos de idade, ao se abrir seu testamento, verificou-se que Fred Figner havia destinado parte substancial dos seus bens às obras sociais de Chico Xavier.
O jornal carioca A Noite Ilustrada publicou editorial em que o judeu Frederico Figner foi honrado, post-mortem, com o merecido título de “o mais brasileiro de todos os estrangeiros”.

(Helio   Sinowietz)

Obrigado Marizélia pela matéria encaminhada e obrigado Hélio pela autorização da publicação, espero que todos curtam mais esta informação. 

Até a próxima!

III Milonga CAFÉ COM DANÇA

Até lá!

NOITE BORDELESCA!

Poket Show e animação por conta das Dona Drags
Pole Dance com Naiara BelezaElaburla
 Performance de Cibele Maia
Discotecagem e surpresas de Carmelita Gónzales
 Slackline com os Slakers Thiago Santos (Guru) e Bruno Amaral
Horário das apresentações: 22:30
Entrada: 7,00
Desconto de 1,00 para homens de bigode e moças com leque.
Cabaré Cultural Nelson Bordello
rua Aarão Reis, 554 • Centro
Até lá!


INTROMISSÕES POÉTICAS

(clique na imagem para ampliá-la)

DIA 21 AAS 21H - Nelson Bordello
Como tudo que anda.
Rua Aarão Reis, 554. Centro.
(Ao lado da Serraria Souza Pinto)



(31)3564-3323 begin_of_the_skype_highlighting            (31)3564-3323      end_of_the_skype_highlighting
nelsonbordello@gmail.com

Por sermos do interior.

Por sermos do interior estamos do lado de dentro das bolhas de ar.
Por sermos do interior, simpatizamo-nos mais facilmente à paciência, à vizinhança.
No exterior as bombas explodem, no interior explodem os comentários, pois todos se conhecem.
A peleja do interior nos dá fibra para enfrentar os altos e baixos da vida.
As rotinas dos compromissos se fundem às rotinas dos rios, do balanço das copas das árvores, da fumaça da lenha, do vapor dos alimentos, dos suores, das lágrimas.
Nossos corpos parecem não suportar o infinito dos horizontes, mas o interior parece caber em nossas mãos.
Em meio a tantas minorias, por sermos do interior tornamo-nos as maiorias.
Mãe, pai, mano, tu, vó, vô, tias, tios, primos, meus amigos e você que lê: eu estou bem. 
Escapei-me do interior tentando desenvolver uma compreensão mais integral da realidade. Submeto-me aos vôos mais altos na justificativa dos meus abandonos e submeto-me aos mergulhos mais profundos na recordação da nossa infância.
"Estou podando meu jardim, estou cuidando bem de mim"
Até a próxima!

DANCEI!


e vou dançar mais.
amanhã e depois de amanhã.
vida longa à todas as danças do mundo
até a próxima!
i danced
i'll dance more and more
tomorrow and after
long life for all dances of the world
j'ai dansé
je danse et plus encore
demain et après demain
longue vie à toutes les danses dans le monde
jusqu'à la prochaine fois!

Grupo X de Improvisação em Dança

PEQUETITAS COISAS ENTRE NÓS MESMOS


12 de abril - Cine Teatro Solar Boa Vista - 20h
20 de abril - Espaço Xisto Bahia - 19h
R$6,(inteira)R$3,(meia)

Abril da Dança - Diretoria de Dança da FUNCEB

Até a próxima!

A DANÇA DO SUPER HOMEM

Enfim terminei ASSIM FALOU ZARATUSTRA, livrozinho difícil, para não dizer chato, pois reconheço sua importância. O que me chama a atenção em Nietzsche, mais do que sua delirante razão, é o seu amor pela dança. Sou um buscador incansável da razão que nos impulsiona a dançar, e ler o Nietzsche para descobrir o que de extraordinário existe para ele nesta modalidade artística que o impele a citações incansáveis sobre o corpo e o movimento poético, torna-se mais que necessário. Sinto-me orgulhoso por ter vencido uma literatura tão complexa, sinto-me consciente de não ter apreendido 20% dos seus devaneios, por uma questão de juízo (rs) e sinto me ainda mais curioso em busca dos fenômenos ligados a arte de se mover. 
Selecionei algumas citações que refletem um pouco minhas aproximações com as profecias endeusadas da sua personagem.


"...o bom e o são egoísmo que brota da sua alma poderosa a que corresponde o corpo elevado, belo, vitorioso e reconfortante, em redor do qual tudo se troca em espelho: o corpo flexível e persuasivo, o dançarino cujo símbolo e expressão é a alma contente de si mesma."

"Que a minha doutrina é esta: o que quer voar um dia, deve desde logo aprender a ter-se de pé, a andar, a correr, a saltar, a trepar e a bailar; não se aprende a voar logo à primeira!"

"O homem há de ser uma ponte, e não um fim: satisfeito do seu meio-dia e da sua tarde."

"Pois não é necessário haver coisas sobre as quais se possa dançar e passear dançando?"

"Eis como quero o homem e a mulher: um apto para a guerra, a outra apta para dar a luz; mas os dois aptos para dançar com cabeças e pernas. E que todo o dia em que se não haja dançando, pelo menos uma vez, seja para nós perdido! E toda a verdade que não traga ao menos um riso nos pareça verdade falsa."

"Se a minha virtude é virtude de bailarino, se muitas vezes pulei entre arroubamentos de ouro e de esmeralda; se a minha maldade é uma maldade risonha que se acha em seu centro entre ramadas de rosas e sebes de açucenas, porque no riso se reúne tudo o que é mau, mas santificado e absolvido pela sua própria beatitude; e se o meu alfa e ômega é tornar leve tudo quanto é pesado, todo o corpo dançarino, todo o espírito ave: e na verdade, assim é o meu alfa e ômega."

"Mas vale mais estar doido de alegria do que de tristeza; vale mais dançar pesadamente do que andar claudicando. Aprendei pois, comigo a sabedoria, até a pior das coisas tem dois reversos, até a pior das coisas tem pernas para bailar; aprendei, pois, vós, homens superiores, a afirmar-vos sobre boas pernas."

"Louvado seja o inimigo de todas as folhas murchas; esse espírito de tempestade, esse espírito selvagem, bom e livre que dança nos atoleiros como no meio de prados!"

"Homens superiores, o pior que tendes é não haver aprendido a dançar como é preciso dançar; a dançar por cima das vossas cabeças!"

"Elevai, elevai cada vez mais os vossos corações, bons bailarinos! E não esqueçais também o belo riso!"

"Fosse isso verdade ou não, pouco importa, e se o burro não bailou essa noite, sucederam, contudo, coisas maiores e mais singulares do que a de um burro bailar. Em suma, como diz o provérbio de Zaratustra: 'Que importa!' "

"A lua é fresca, o vento emudece. Ai! Ai! Já voastes a bastante altura? Dançaste? Mas uma perna não é uma asa. Bons dançarinos, agora passou a alegria toda , o vinho converteu-se em fezes, as sepulturas balbuciam."


"Se eu quisesse sacudir esta árvore com minhas mãos não poderia, mas o vento que não vemos pode açoitá-la e dobrá-la como lhe aprazer. Também a nós mãos invisíveis nos açoitam e dobram rudemente."

"Vós todos que amais o trabalho furioso e tudo o que é rápido, novo, singular, suportai-vos mal a vós mesmos: a vossa atividade é fuga e desejo de vos esquecerdes de vós mesmos."

"Seja vosso trabalho uma luta! Seja vossa paz uma vitória."

"Todo isolamento é um erro: assim fala o rebanho."

"A força de tronos e de fogos de artifício celestes, é preciso falar aos sentidos frouxos e adormecidos. A voz da beleza, porém, fala baixo: só se insinua nas almas mais despertas."

"E uma vez quis bailar como nunca bailara, quis bailar além de todos os céus."

"Certamente não encontrou verdade aquele que falava da 'vontade de existir', não há tal vontade. Porque o que não existe não pode querer, mas como poderia o que existe ainda desejar a existência?!"

"Com a face e os membros pintados de mil maneiras, assim me assombrastes, homens atuais. E com mil espelhos à vossa roda, que adulavam e repetiam o efeito das vossas cores. Certo, não podíeis usar melhores máscaras do que a vossa própria cara, homens atuais. Quem vos poderia reconhecer?"

"Pobre de mim se me não pudesse rir do vosso assombro e se tivesse de tragar tudo quanto há de repugnante em vossas escudelas."


Essas e outras passagens marcaram minha leitura. Além de compartilhar com vocês leitores, as citações servir-me-ão de base para futuras pesquisas. Espero que sejam úteis para outros como foram e estão sendo para mim. Até a próxima!

NÃO SEI DANÇAR!

Como não sabe dançar? Há certas coisas na vida que não tem como não saber. Quem está vivo com certeza sabe respirar, sabe comer, sabe dormir e sem dúvida sabe dançar. É claro que entre saber fazer alguma coisa e fazê-la bem existe uma grande diferença.
A maioria das pessoas não se alimenta direito, respira de maneira errada, dorme pouco e nem por isto saem por aí dizendo que não sabem fazer estas coisas ou se dão ao luxo de deixar de fazê-las porque não as fazem da maneira como deveriam. Mesmo porque todos estes processos são básicos para manutenção da vida no corpo físico.
Dançar, por outro lado, não é considerado algo fundamental para a manutenção da vida do corpo físico, por isto nos damos o direito de dizer que não sabemos dançar. A verdade é que são poucas as pessoas que são exímias dançarinas. Poucos são os que têm a flexibilidade, a força e a resistência para integrar todo o seu conjunto de movimentos à música que está sendo ouvida. A maioria das pessoas apenas se movimenta em uma tentativa de integrar-se ao ritmo musical.
O movimento da dança é algo integral. A dança pode ser aprendida, desenvolvendo a coordenação motora até sentir o pulso da música, provocando um movimento em harmonia com o ritmo. Muitos dançarinos movimentam-se muito bem fisicamente ao ritmo da música, porém suas emoções e pensamentos estão descompassados com relação ao ritmo da música. O bom dançarino usa de todos os recursos que estão a sua disposição em toda a sua integralidade para estabelecer um movimento que reverencie a vida em todos os seus aspectos.
Isto significa que mesmo um surdo ou um paraplégico são capazes de dançar porque muito embora seus corpos físicos careçam de certas faculdades, a sua determinação em movimentar-se de acordo com um ritmo, mesmo que interiormente, podem levá-lo a reconhecer a magnitude da vida em si e no outro.
A conquista da liberdade de movimentos do corpo físico é um exercício e tanto. Trabalha com a coordenação física, com o orgulho, com a insegurança e com falta de aceitação de si mesmo como ser a caminho da evolução.
Dizer que não sabe dançar ou privar-se de dançar são questões de orgulho porque a maioria das pessoas diz que não dança porque não sabe ou porque não gosta. E esta aí uma coisa que não tem como não gostar ou não saber. Cada ser vivo tem um movimento intrínseco que se estende de sua organização atômica, passando pelo movimento das células até o movimento de seus órgãos físicos. Do mesmo modo suas emoções e pensamentos se movimentam. E simplesmente não há como parar este movimento. Mesmo após a morte do físico este movimento simplesmente não para, apenas se transfere para outras esferas.
Dar o melhor de si para movimentar o corpo físico ao ritmo de uma determinada música é estabelecer de maneira consciente uma organização de movimentos segundo um determinado ritmo. O verdadeiro ritmo da vida vem do Creador, portanto a música é um grande treino da criatura para um dia alinhar seus movimentos ao ritmo da Creação.
No ritmo da Creação estão todos os seres que dançam com toda a sua integralidade. Sinto esta integralidade nas flores e nas árvores do jardim, vejo esta integralidade no abraço do amigo querido, nos cuidados da esposa amada. Todos são capazes de sentir esta integralidade, assim como todos são capazes de dançar. Privar-se da oportunidade de dançar é sem dúvida um grande desperdício de vida.
Dizer que não sabe dançar pra mim é o mesmo que dizer que não sabe viver. Portanto movimente seu corpo sem vergonha e faça o seu melhor para colocá-lo no ritmo. Se isto resultará na mais bela forma de expressão artística eu não sei, mas com certeza você terá se libertado de uma grande limitação e terá excelentes momentos de alegria.
Até a próxima!