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Mostrando postagens de 2018

Tato

A sola dos meus pés reclamam meu peso. Para onde vamos? Formo ângulos com braços e pernas. Derreto-me. Desafio-me. Ensaio a queda. Me vejo nos olhos alheios. Admiro-os e me sinto igual na diferença. Valorizo o tempo. Se toca. Eu toco os outros. Os outros me tocam. Então me toco. Ata-te. Ata-me. Vamos fluir.

Tarde

Falta ar. Não compreendo a vida. Não entendo. Amor exclusivo focado. Paixão inclusiva generosa. Possível limitado. Impossível utópico. Aflições. Amadureço com olhar triste e assustado. Assustador. Olho meu reflexo e vejo o mundo. Ocupo muito espaço. Estilhaço. Cansaço. Gratidão Deus. Muito linda sua criação. Parabéns mesmo. Precisando de algo estou aqui. Sigo buscando. Sinapses. Instinto e memória. Paciência. Até que gosto dessa dor. Quando não me batem danço. Me livrei da tortura das cócegas. Ainda não dos pensamentos. Não te esqueço. Eu não quero? Aceito. Quase morto te amo. Morto de chorar. Me humilho. Mas coitados deles que acreditam que vivem. Imito moléculas e crio. Mostro-lhes o fim. O nada e efêmero envoltórios.

Auto-discussão no quintal

Você morde os pés dos dentes Eu beijo o pescoço da língua Você disfarça em panos quentes Eu transformo as dores em íngua Você sublima amando álcool Eu furo a onda pelo limão Você vaga querendo fumaça Eu salto estrelas pelo pulmão Você se afoga em dívidas Eu desconto sendo nosso amor Você descansa, deixa dúvidas Eu sinto Você os outros Eu você (CM)

O leite derramado

Espalhou-se por todo o corpo Até cheiro entrou pelo nariz Encharcando o meu calção torto Convenceu do cabelo à raiz Por que o leite chegou até mim? Era para derramar somente? Se era para me deixar assim Por que teria que ser tão quente? Deste leite não quero o pingo Mesmo tendo mais leite na caixa Não limpo, não esqueço, não vingo Do leite não quero a distância Mesmo tendo mais leite na vaca Quero sua outra deslumbrancia. (CM)

Leite de pedra

Se acolhe. Obedece o ronco da sua intuição. Se recolhe. Poupa a vaca, a cabra, a porca e a galinha. Se aguarda. Extrai da efêmera vontade a seiva ampliada. Se observa. Relembra as primeiras fases dos quintais da sua vida. Se pune. Enfia o dedo sujo nos olhos e arranca a casca das suas feridas. Se aconselha. Vença o medo de si mesmo, dia a dia, combata os açúcares distratores! Se esforça. Espreme o peito, os olhos, o limão, o côco e a medula. Se nutre. Prepara bolo, pão, salada, desejo e cuscuz bem feito. Se engole. Nada contra maré sem enjôo. Se prepara. Estamina para o vôo além. Se perde. Descansa na paz do vento nos cabelos. Se nega. Verte a dúvida para a goela dos espelhos. Se mistura. Quente como café nas férias de janeiro. Se expõe. Serve chocolate aos espiões. Se gela. Põe canela nas memórias antecipadamente esperadas. Se oxigena. Morno como o ritmo do colo apaixonado. Se mata. Sova o creme nata da sobra cin...

O paraíso somos nós

Como quaisquer outros animais, nós seres humanos possuímos características diferentes entre nós mesmos. Caninos por exemplo apresentam uma grande diversidade de raças as quais variam em pelagem e tamanho dentro de seus próprios grupos. O conhecimento de si mesmo é justamente buscar entender a qual tribo você pertence. E acima de tudo aceitar a diferença. Na cadeia alimentar por exemplo, possuímos uma vasta estrutura de produção e serviços à disposição das nossas escolhas. Não precisamos defender o que deve e o que não ser consumido. Podemos dar dicas e assim atrairmos e escolhermos com quem dividir os rituais da vida. É difícil para ambas as partes o convívio entre veganos e carnistas num almoço de domingo. Eu me sentiria muito incomodado em dividir a mesa com um urubu. Não o faço. Nem por isso preciso fazer textos, vídeos e obras de arte, mas respeito quem critica o costume desta ave. O urubu lá e eu cá é mais tranquilo para minha jornada e para a dele. Pássaros sentem que voam...