quem matou maria helena?



Monólogo policial cômico, do premiado autor baiano Claudio Simões que conta a estória de Mário Augusto um homem solitário e atrapalhado que se mete numa fria ao descobrir em seu quarto o corpo de Maria Helena, a mulher de sua vida, assassinada no armário.
Toda trama acontece em seu apartamento, enquanto Mário augusto tenta desvendar o mistério e provar a sua inocência sob pistas e telefonemas secretos. O enredo da peça, expressado através de uma atmosfera novelística, embute as reflexões do autor acerca da bitola televisiva da sociedade contemporânea.Em Governador Valadares a peça será encenada por Clênio Magalhães, valadarense licenciado em dança pela Universidade Federal da Bahia que reúne em seu currículo uma vasta experiência cênica, tanto como intérprete quanto diretor.
Intérprete:
Clênio Magalhães
Texto:
Claudio Simões
Direção:
Sandra Oliveira
Cenário e Figurino:
Clênio Magalhães eTamaki Yonekura
Trilha Sonora:
Flavio Junior
Iluminação:
Gustavo
Cabelo e Maquiagem:
Alfredo Axer
Produção:
art-ist
2007

Danço a fumaça de um incenso

Danço para o deleite da Razão
Movimento-me para os Insights
Coreografo para o raciocínio
Inspiro-me nas idéias advindas

Danço a fumaça de um incenso
O palco o incenso
A fumaça o dançarino
O vento a música

Danço uma árvore ao vento
O palco o tronco
Os galhos os dançarinos
O vento a música

Danço as roupas no varal
O fio o palco
As roupas os dançarinos
O vento a música

Danço pessoas após o freio do trem
O palco o trem
As pessoas os dançarinosO freio o silêncio

Isto não é um cachimbo.

René Magritte.Bruxelas, 1898/1967.Isto não é um Cachimbo.


(sobre a pintura de Magritte, ISTO NÃO É UM CACHIMBO) "...
Primeira versão, a de 1926, eu creio: um cachimbo desenhado com cuidado e, em cima (escrita a mão, com uma caligrafia regular,caprichada, artificial, caligrafia de convento, como é possível encontrar servindo de modelo no alto dos cadernos escolares, ou num quadro-negro, depois de uma lição de coisas), esta menção: "isto não é um cachimbo".....A outra versão - suponho que a ultima -, pode-se encontrá-la na Alvorada nos antípodas . Mesmo cachimbo, mesmo enunciado, mesma caligrafia. Mas em vez de se encontrarem justapostos num espaço indiferente, sem limite nem especificação, o texto e a figura estão colocados no interior de uma moldura; ela própria está pousada sobre um cavalete, e este, por sua vez, sobre as tábuas bem visíveis do assoalho. Em cima, um cachimbo exatamente igual ao que se encontra, mas muito maior......."Será necessário então ler:" Não busquem no alto um cachimbo verdadeiro, é o sonho do cachimbo; mas o desenho que está lá sobre o quadro, bem firme e rigorosamente traçado, é este desenho que deve ser tomado por uma verdade manifesta..."...não consigo tirar da idéia que a diabrura reside numa operação tornada invisível pela simplicidade do resultado, mas que é a única a poder explicar o embaraço indefinido por ele provocado...Essa operação é um caligrama secretamente constituído por Magritte, em seguida desfeito com cuidado.......separação entre signos liguísticos e elementos plásticos; equivalência de semelhança e da afirmação. Estes dois princípios constituíam a tensão da pintura clássica: pois o segundo reintroduzia o discurso (só há afirmação ali onde se fala) numa pintura onde o elemento linguístico era cuidadosamente excluído. Daí o fato de que a pintura clássica falava e - falava muito - embora fosse se constituindo fora da linguagem; daí o fato de que ela repousava silenciosamente num espaço discursivo; daí o fato de que ela instaurava, acima de si própria, uma espécie de lugar-comum onde podia restaurar as relações da imagem e dos signos.......Magritte liga os signos verbais e os elementos plásticos, mas sem se outorgar, previamente, uma isotopia; esquiva o fundo de discurso afirmativo, sobre o qual repousava tranquilamente a semelhança. e coloca em jogo puras similitudes e enunciados verbais não afirmativos, na instabilidade de um volume sem referência e de um espaço sem plano.......Nada de tudo isso é um cachimbo...mas um texto que simula um texto; um desenho de um cachimbo que simula o desenho de um cachimbo...(desenhado como se não fosse um desenho) ..."...entre a parede e o espelho, que capta reflexos, e a superfície opaca da parede, que recebe apenas sombras, não há nada...em todos esses planos escorregam-se similitudes que nenhuma referencia vem fixar: translações sem ponto de partida nem suporte.......a exterioridade, tão visível em Magritte, do grafismo e da plástica, está simbolizada pela não-relação - ou em todo caso pela relação muito complexa e muito aleatória entre o quadro seu título.......estranhas relações se tecem, intrusões se produzem, bruscas invasões destrutoras, quedas de imagens em meio às palavras, fulgores verbais que atravessam os desenhos e fazem-no voar em pedaços........Magritte deixa reinar o velho espaço da representação, mas em superfície somente, pois não é mais do que uma pedra lisa, que traz figuras e palavras: embaixo não há nada. É a lápide de um túmulo: as incisões que desenham as figuras e a que mascaram as letras não comunicam senão pelo vazio, por esse não-lugar que se esconde sob a solidez do mármore......parece-me que Magritte dissociou a semelhança da similitude...NotaCf Foucault, Michel, Isto não é um Cachimbo, Editora Paz e Terra, pp11/12/15/ 60/75/76
(sou muito fã deste texto, porque além de ser divisor de águas na vida de quem o lê, sou fã de quem a ele me apresentou. valeu heráclito!)